domingo, 29 de janeiro de 2012

Não Tenhamos Medo Da Própria Sombra

Venho aqui postar um artigo baseado em pensamentos, qual imagens soltas, que não sendo imediatamente apreendidas e prontamente presas a um papel que me sirva de socorro, perder-se iam no viés das frases soltas que se atropelam na mente, como ideias, que se não fossem logo escritas, perderiam a sua pertinência, e por vezes encontro sempre lenha para queimar assuntos e posts na blogosfera, vindas de comentários e conversas nas redes sociais, mas não como as conversas de café, que essas eu dispenso bem, no entanto sozinho quando escrevo, ai sim, o café seja quente, morno ou frio nunca falta à minha mesa em meio a papeis, teclado e um relógio a acusar horas tardias teimosamente.
O cerne da questão, da qual venho falar, que tanto me cativou num comentário de uma pessoa amiga, é referente ao que hora se fala, comenta e propaga, sobre a Maçonaria, devo dizer que creio tratar-se de um assunto estrategicamente desviante da atenção do povo, inculcando-lhe suspeições, duvidas, mas também por vezes incitando ao preconceito, explorando os medos e o desconhecimento do que seja a maçonaria ou outra ordem qualquer, como os Rosacruzes, os novos-templários etc. Não caro leitor, não faço parte de nenhuma dessas organizações ditas sociedades secretas, mas não gosto de julgamentos fáceis em praça pública, feitos a partir da maldade, do conluio ou de razões escuras e duvidosas.
Penso e sinto, ser essa maldade, essa ignorância (se me permitem a palavra) esses temores, que geram hoje em nós aquilo de que Albert Camus diz no seu livro l'étranger, "fazem um homem se sentir estrangeiro", quer seja no seu país, no seu emprego, na sua casa e até dentro de si mesmo. Mas mais grave é que quem usa dessa maldade, usa-o agora porque os tempos são penosa e perigosamente difíceis e porque a plebe sente a necessidade de bodes expiatórios.
Já no antigo Império Romano, os imperadores sabiam que para dominar a turba, bastava-lhes dar pão e circo, como em tempos de crise escasseia o pão, está à vista que é mais fácil criar circos do que criar empregos, é mais fácil encontrar culpados do que buscar soluções, é mais fácil lidar com o medo do que mostrar confiança e novos caminhos.
E isso assusta-me na medida em que é na génese teste tipo de coisas, que se fez nascer o preconceito racial, o anti-semitismo, o ódio à diferença, sejam diferenças de etnia, crença, consciência política, religiosa, cultural de género ou de opção sexual, quem ousa ser diferente em tempos conturbados corre perigos, mesmo à porta de casa, no café, no autocarro, no emprego, na vizinhança e em toda a parte onde possa estar, é sempre julgado pelo seu ser, seja porque se veste como um muçulmano, porque tem um kipá judeu, porque usa uma tatuagem de alguma tribo urbana, ou porque ousa simplesmente ser ele mesmo, livre no que é, no que crê e no que pensa.
Mas apesar de tudo, digo-vos: não tenhamos medo da própria sombra!

Autor Filipe de Freitas Leal




Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

4 comentários:

Kidmann disse...

Um pastor gosta das ovelhinhas todas iguais. :-) Imaginêmo-las a começar a ganhar personalidade e vontade.. Imaginemos que elas agora descobrissem que podem ter um caminho diferente umas das outras? Por isso é que penso que a nossa sociedade está perversamente feita para não sermos tão diferentes uns dos outros. E é como dizes.. Dá-se circo e ervinha fresca e fácil de adquirir às ovelhas e o rebanho mantém-se todo unido... e UNIFORMIZADO, e sem levantar grandes ondas. :-) mas as ovelhinhas têm caracois e os caracois são sinal de vida. :-D e às vezes basta uma ovelhinha negra ser teimosa para as outras a seguirem. :-D
Bem... são 8 da manhã.. tou parvo!

Filipe de Freitas Leal disse...

Não caro amigo, não estás nada parvo, tens toda a razão, por vezes sinto vontade de ser uma enorme e gigante ovelha negra, a caminho de iniciar a Revolução Cultural que o país tanto precisa.

Um abraço.

Filipe Leal

Mia Sales disse...

Puxa parabéns,eu adorei ter conhecido esse blog,e estar adquirindo
todo esse conhecimento no que diz respeito,a humanismo;Sinceramente
a maneira como toda essa verdade é colocada aqui,nos motiva a
pensar
e refletir,avaliando nossas vidas e modificando nossas atitudes
para
melhorarmos cada dia mais,nossa vida e a de dos demais seres que
como nós,anseia por uma vida melhor e uma sociedade mais justa.
Abraço e continue com esse trabalho tão importante para todos.

Filipe de Freitas Leal disse...

Cara Mia Sales, obrigado pelas suas palavras de incentivo, de reconhecimento, também deste lado que se escreve o blog, se cresce a cada dia e a cada aprendizagem feita, e é feita com o vosso apoio, as vossas palavras de encorajamento, o que muito ajuda na continuidade de um esforço em prol do ideal Humanista.
É de pessoas assim e para pessoas assim que este blog existe e continua, com o vosso apoio e com a nossa estima.

Um grande Bem Haja

Filipe de Freitas Leal

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