terça-feira, 29 de março de 2011

Adoção de Idosos e Exclusão Social

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/Alte_frau_seybold.jpg
Portugal mais uma vez está a realizar um censo, o seu XVº recenseamento geral da população, pelo que esperamos o fim desta consulta para termos acesso a dados novos sobre a nossa sociedade. O censo pode ser respondido on-line teoricamente por todos, embora de facto essa possibilidade esteja vedada à faixa da população que se encontra em “infoexclusão”, novo conceito de exclusão social em países desenvolvidos que designa o conjunto de pessoas que não têm acesso aos meios informáticos, quer seja por inaptidão devido à idade, quer seja por falta de recursos.

Um dos dados que se aguarda com antecipação é o do nível de envelhecimento da nossa população – a expectativa de vida em Portugal é maior hoje que no passado naturalmente, mas há que saber precisar exatamente quanto. Segundo a CIA World Factbooka  longevidade nas mulheres portuguesas atinge em média os 82 anos e nos homens fica-se pelos 75, o que contudo é baseado apenas nas estimativas possíveis entre recenseamentos gerais.

Segundo dados do INE, existiam em 2009 cerca de 321 mil idosos a viver sozinhos em Portugal (via), sendo a maioria mulheres viúvas. Ora, estes dados, que aparecem associados ao relato por parte da autoridade estatística do seu progressivo aumento no passado recente, exigem que se olhe cada vez de modo mais sério para a problemática da terceira idade na nossa sociedade, que vem associada a problemas gravosos e cada vez mais bem mapeados como os da exclusão social dos idosos em geral, os da violência familiar sobre os idosos, os da escassez de cuidados de saúde especializados e contínuos ou os da falha da garantia aos idosos dos seus direitos básicos de dignidade individual e social.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) é uma das instituições sociais mais ativas e diversificadas no cuidado que presta a idosos - ver aqui a diversidade da sua oferta.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/Alte_frau_seybold.jpgDe destacar é contudo, pela sua oportunidade e originalidade, a campanha que vem desenvolvendo desde Maio de 2010, que pretende identificar famílias que estejam disponíveis para adotar idosos carenciados sem família. Não obstante as famílias disponíveis recebam pelo menos 447,27€ por mês para acolherem o idoso, podendo acolher até um máximo de três, os primeiros meses da campanha foram uma deceção, obrigando a uma nova fase de ativa publicitação dessa possibilidade, no fim do ano passado, também sem grandes resultados (via). Ora, continua em aberto essa possibilidade, e as necessidades são crescentes. Sobre essa forma de apoio social, contacte-se a Direção de Acção Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (ver aqui).

Outro serviço que merece relevo é o de Atendimento e Apoio Telefónico para Idosos, em especial o de TeleAssistência. Para além de um fim assistencial, estes serviços têm também o fim declarado de ajudarem a combater a solidão dos idosos.

Actualmente, nesse âmbito, a SCML tem ao serviço da população idosa as linhas abaixo:
  • STA – Serviço Tele Alarme – Serviços de Apoio a idosos: 21 793 33 60
  • Linha do Cidadão Idoso: 800 20 35 31.
 Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

3 comentários:

Pedro Antunes Pereira disse...

A questão da solidão dos idosos deveria ser objecto de uma atenção prioritária por parte dos diferentes poderes. Sobretudo, quando falamos de uma solidão, localizada em zonas mais rurais, longe de tudo e de todos e sem a presença de gente que, de alguma forma, possa olhar pelos seus vizinhos.
Por isso, não posso deixar de louvar uma iniciativa que propõe trazer os mais velhos para locais, que mesmo mantendo as suas características rurais, são mais abrangentes no acesso a oportunidades de vida e de saúde. Uma das referências a este nível pode ser vista em www.larssalvador.com, onde a criação de uma horta foi a solução para cativar os mais idosos sem que percam as suas ligações à terra e aos seus afazeres diários

Filipe de Freitas Leal disse...

Caro Pedro Antunes Pereira,

Muito obrigado pelas suas palavras, concordo plenamente quando diz que a questão da solidão dos idosos deve ser obejto de atenção prioritária.
Neste sentido tanto quanto sei, a iniciativa aqui publicada tem vindo a ser mantida e expandida, pelo que se faz urgente promover a sensibilização das populações através de campanhas informativas, para elucidar e para o problema é ainda fundamental ser encarado como um problema que a todos diz respeito.
"Uma nação se faz com homens e livros", dizia o escritor Monteiro Lobato. Eu afirmo ainda que "Uma nação se faz com Homens e Mulheres, sejam Crianças, Adultos, Idosos e Livros", todos de mãos dadas na partilha do saber para construir um ser maior

um grande abraço

Filipe de Freitas Leal
Filipe de Freitas Leal

Rosana Leal disse...

Por causa da grave crise em Portugal, que no ano de 2011 e 2012 veio por em descoberto situação dos mais idosos que morreram na maior solidão e muitos dos casos à anos, sem que alguém desse por isso (devido a necessidade de arrendar e recuperar imóveis para habitação, pois com a devolução das casas aos bancos, muitos se veêm obrigados a optar pelo arrendamento mais acessível). E só agora há uma movimentação da sociedade, governo e instituições para procurar por estas pessoas e dar-lhes a assistência que necessitam ou a encaminhá-los aos lares mais apropriados.
Quando falamos do abandono dos idosos nos hospitais ou nos seus lares sem que lhes sejam prestados a mínima assistência, pensamos também sobre aqueles que agora envelheceram e estão sozinhos, porque negaram a si mesmo o direito a maternidade/paternidade como opção de vida, e nem sequer deram a oportunidade a uma criança de terem pais através da adoção.
Outros, que quiseram ter filhos de maneira conscientes ou não, que por regidez na sua educação, não souberam distribuir afetos e amor suficiente entre seus filhos e familiares e por desavenças geradas pelas partilhas de heranças, isolaram nos seus mundinhos individualistas.
Acredito que para recuperar uma geração, cuja velhice se aproxima, há de acarinhar os seus filhos, seus netos como jóias e assim cultuar nas gerações mais novas a responsabilidade de tratar seus pais e avós com respeito, carinho e muito amor, porquê um dia todos nós, se o percurso da vida permitir, seremos também os idosos do amanhã.

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