terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Identidade de Género


A diferença de género
A visão, a cultura e a prática em diferentes sociedades, sobre a identidade de género, a maneira como a Mulher foi tratada de forma diferenciada e que tem vindo a mudar de
época para época, de país para país e de cultura para cultura, e que em tempos idos até a ciência esteve ao serviço da cultura tentando provar que a Mulher é inferior ao Homem.
O Autor colocou-se de forma isenta, mas conseguiu ver com clareza a realidade histórica em que a Mulher foi subjugada e vista como inferior ao homem. Mas identifica também que com a evolução tecnológica, social e económica ao longo do tempo tem vindo a contribuir para a emancipação da Mulher e do seu lugar pleno na sociedade.
Ideias principais do Artigo
A visão da sociedade burguesa, encarava o trabalho feminino com um extremo preconceito, onde era visto que a mulher trabalhava por causa da incapacidade de o homem conseguir sustentar a família, e era tido como sinal de pobreza.
Algo totalmente diferente dos dias de hoje, em que a grande maioria das mulheres trabalha, não apenas porque precise, mas porque acida de tudo quer conquistar o seu lugar na sociedade, associado à sociedade moderna e consumista (Lipovtsky, 2000).
Pode-se dizer por outras palavras que a ascensão do capitalismo veio beneficiar a mulher na sua conquista do espaço de trabalho em sociedade, novas leis tiveram que ser feitas, sobretudo às trabalhadoras gestantes, licença de maternidade, licença especial de período de aleitamento, subsídios, etc. direitos conquistados no Pós Guerra e com a ascensão do capitalismo na Europa Ocidental e em particular nos EUA, ávidos por vingar o seu modelo político e económico contra a URSS, que no entanto também liberou o mundo do trabalho às mulheres, mas onde a liberdade obviamente não era o objectivo do sistema comunista, tanto homens como mulheres foram vistos de igual forma para a exploração pelo Regime soviético, regime esse que era exercido esmagadoramente por homens. Provando que a visão sociológica Marxista da família e do género feminino não havia sido tida em conta pelo socialismo totalitário estalinista. maoista ou trotskista, mas diga-se de passagem na China foi muito pior.
Mas as mudanças sociais e económicas que permitem a evolução e conquista da Mulher no espaço social não foi sem uma mudança estrutural da família, que antes era alargada e agora passa a ser do tipo nuclear, muitos casais optaram por ter um ou dois filhos, no máximo, e mesmo assim casa-se e tem-se filhos cada vez mais tarde. Porque? Justamente é a consequência de todas essas mudanças. (Silva, Amazonas, Vieira 2010.
Conceitos abordados
Opressão do género feminino ao longo da história, por questões culturais, religiosas, económicas políticas e sociais que têm vindo gradativamente a mudar até aos nossos dias; Génese do movimento feminista
A emancipação feminina começaria gradualmente a partir da Revolução francesa; e tem vindo a conquistar a igualdade de género com a ascensão do capitalismo e da sociedade de consumo; (Silva, Amazonas, Vieira 2010) 
Comentário Critico ao artigo
O tema abordado neste texto, também é relevante por tratar de algo que para o Serviço Social é bastante pertinente, a "Exclusão Social", e de facto é disto que se trata, não apenas de uma diferenciação pura e simples do género feminino, mas por ser feminino ser relegado para a margem da sociedade em especial no que se refere à actividade económica e produtiva na sociedade. E porque é que falo de económica e produtividade? Porque há a produção em sociedade para além do económico, temos o caso da cultura, das ideias, da religiosidade que funciona como um todo.
Aliás aqui gostaria de salientar algo visível, na religião a Mulher é muito mais religiosa que o Homem, no entanto a sua atividade dentro das instituições religiosas, só agora começou a mudar, na ICAR – Igreja Católica Apostólica Romana não podem aceder ao sacerdócio, nem ao diaconato, lembremo-nos que se trata de uma instituição de 2000 anos, que quem no fundo a fundou foram em grande parte as mulheres, mas que quem dirigia eram homens. (Talvez aqui tenhamos a resposta da religião ter sido tão mal usada para fins políticos e militares). (FL)
Ana Esgaio indica no livro "Política Social e Sociologia" no capítulo de "Trabalho Novas competências e Integração Social / Desigualdades do Acesso ao Mercado de Trabalho" página 430 que a principal causa de exclusão social no mercado de trabalho é
a diferença de género, é a principal razão, ultrapassa o segundo factor de exclusão que é a idade, logo a identidade de género está relacionada à exclusão social.
Uma das razões terá a ver com a possibilidade de as mulheres virem a ser mães ou até de terem mais de um filho, visto como factor contraproducente para o empregador.
Outro factor será a monoparentalidade feminina, algo que é derivado da diversidade de situações culturais, sociais e económicas, tem vindo a ser visto como um factor de risco especialmente para as mulheres nesta situação, que é vista por sociólogos como uma potencial causadora da pobreza, visto a situação de um único progenitor (Mãe) sustentar sozinha a família tendo sempre em risco o seu trabalho (muitas vezes precário) pelo simples facto de ser mulher e ter filhos a cargo, sem falar no preconceito daí advindo (Maria J. Núncio 2010).
Concluindo a critica, diria que foram as mudanças tecnológica e económica que geraram por sua vez a evolução e cultural e social e a globalização, que concederam gradativamente à Mulher o seu espaço na sociedade, no trabalho e também na política a partir claro da sua luta e resistência contra o “Status Quo”.
Ao estudarmos os indígenas do Brasil, comos os Carajá, temos a ideia das mulheres que juntas cuidam da mesma maloca comunitária e das crianças todas ao mesmo tempo, onde a palavra menino e filho é uma e a mesma palavra, temos do outro lado o homem caçador e guerreiro defensor da aldeia, numa sociedade primitiva, mas que tinha nessa divisão não a opressão nem a inferioridade de género, mas da simples distribuição de tarefas dentro da comunidade. Nas comunidades indígenas o homem não se sentia dono da sua mulher, o adultério não era considerado um crime, a mulher tinha liberdade sobre o seu corpo, não há nos índios o sentimento de posse, as crianças eram filhos de todos e até a habitação era partilhada, bem como a alimentação vinda da caça. Posso aferir aqui que a sociedade indígena tinha uma visão sã da identidade de género, que foi adulterada na sociedade ocidental onde a mulher foi colocada num lugar secundário, tornada propriedade do seu marido. (Manuel L. Filho 1999)
Não pode-se esquecer a influencia que a luta das mulheres teve nos movimentos de resistência democrática contra os regimes fascistas em Portugal, Espanha e América latina, como as “Madres de La Plaza de Mayo” que não se vergaram ao Regime Militar de Videla na Argentina, por cá foi a literatura com “Novas Cartas Portuguesas” das chamadas três Marias, ultrapassou fronteiras e chegou a ser censurada pelo regime de Marcello Caetano, mas com os cravos vermelhos em Portugal foi feita a seguir ao 25 de Abril, a Comissão para a Condição de Igualdade Feminina, fundado o MDM Movimento Democrático das Mulheres, o UMAR ligado à UDP e o Partido Socialista teve um núcleo importante e autónomo denominado MS Mulheres Socialistas, o movimento feminista cresceu e se fortaleceu entre avanços e recuos ao longo destes anos. (Infopédia 2010)
Tem-se vindo a observar uma grande melhoria na maneira como o poder político vê a importância da participação das mulheres hoje, em Espanha o governo está dividido em 50% de homens e mulheres, é a Lei da Paridade, não se pode conceber um regime dito democrático que não pratique a igualdade de género. Mulheres em todo o mundo tem vindo a ocupar altos cargos empresariais e políticos nunca antes se vira igual.
Mas há muito ainda para se conquistar, pois não se pode falar de vitórias quando se fala do ocidente apenas, não temos o direito de esquecer as mulheres e crianças que em muitos lugares do mundo são privados da sua dignidade e direitos fundamentais, pois enquanto houver uma única mulher que seja condenada por lapidação no Irão, mostra-nos o quanto ainda falta.

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Referências Bibliograficas: 

1º) Silva, T. C. M. da; Amazonas, M. C. Lopes; Vieira, Luciana L. F. (2010) Família, Trabalho e Identidades de Género; Psicologia em Estudo, Maringá, V. 15 n.º 1 P 151-159, Janeiro -Março.
2º) Esgaio, Ana (2010) "Política Social e Sociologia" - Trabalho: Novas Competências e Integração Social / Desigualdades do Acesso ao Mercado de Trabalho" pág.430.
           3º) Filho, Manuel Ferreira Lima (1999) Os Carajás – Universidade Católica de Goiás. 
MDM Movimento Democrático de Mulheres: http://www.mdm.org.pt


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

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